Delegação inter-religiosa da GreenFaith Brasil destaca a urgência de uma transição energética justa e inclusiva na Marcha pelo Clima em Paris.
Uma delegação de mulheres ativistas e líderes de fé do Brasil, organizada pelo Greenfaith Brasil, cumpriu uma intensa agenda em Paris, na França, culminando na participação da Marcha “Clima, Justiça, Liberdades!” em 28 de setembro. A iniciativa teve como objetivo central denunciar os impactos desiguais da crise climática e exigir uma transição energética justa e inclusiva, coincidindo com a celebração dos 10 anos do Acordo de Paris.
O grupo, que esteve na capital francesa de 23 a 30 de setembro, representou a diversidade do ativismo religioso e ambiental do país, unindo diferentes tradições em torno da causa climática:
- Andrea Alechandre (Pastora Evangélica): Professora da Universidade Federal do Acre (UFAC) e líder da Aliança Sagrada pelo Clima (GreenFaith). Sua atuação de três décadas se concentra no combate ao desmatamento e na defesa dos direitos das comunidades tradicionais na Amazônia Sul-Ocidental, a terra de Chico Mendes.
- Andressa Dutra (Militante Negra da Umbanda): Engajada ativamente contra a exploração de petróleo no Rio de Janeiro e na luta contra o racismo ambiental, levando a voz da periferia para o debate global.
- Julia Rossi (Coordenadora GreenFaith Brasil): Liderou a delegação e está coordenando a Aliança Sagrada pelo Clima e da campanha “Rio Sem Óleo”.
Racismo Ambiental e a Solução dos Povos
A narrativa brasileira na Marcha, que reuniu mais de 150 organizações e ocorreu em 20 cidades francesas, foi marcada pela urgência em abordar a intersecção entre crise climática e desigualdade social.
Para Andressa Dutra, a crise possui um marcador social claro, atingindo desproporcionalmente as comunidades mais vulneráveis:
“Eu sou uma mulher negra vinda da periferia do Rio de Janeiro e minha luta é por justiça ambiental e contra o racismo ambiental. É fundamental começar por essa perspectiva, pois a crise climática não nos atinge da mesma forma: são as comunidades periféricas que sofrem mais com a chuva pela ausência de saneamento, e são as comunidades tradicionais as mais afetadas pelo petróleo.”
Andressa defendeu veementemente a necessidade de uma mudança radical na matriz energética: “A solução é clara: a não utilização de combustíveis fósseis é o único caminho para uma transição energética justa, que seja justa para todos.”

Esperança e o Papel da Fé na Resistência
A Pastora Andréia Alechandre, com sua experiência na Amazônia, enfatizou o papel da fé como motor da resistência e da mudança, ecoando o espírito de esperança que move o ativismo climático:
“Para construirmos um mundo mais sustentável, justo e digno para as próximas gerações, precisamos cultivar a esperança de que essa transformação é possível. A esperança nos dá forças para enfrentar os desafios, mas é a fé que a alimenta.”
A participação das líderes brasileiras buscou dar visibilidade global às lutas ambientais do país, levando a experiência de trabalho em campo pela justiça climática e social e destacando o papel crucial do Brasil na próxima COP 30, em Belém.






