GreenFaith manifesta apoio aos pescadores e pescadoras artesanais e moradores de Suruí (Magé – RJ) afetados pelo vazamento de óleo

No dia 1º de outubro ocorreu um  acidente que resultou no derramamento de três diferentes tipos de substâncias contaminantes derivadas do petróleo no rio Suruí: gasolina, diesel e emulsão asfáltica, que eram transportadas por um dos veículos. Esses contaminantes rapidamente se espalharam, atingindo a Baía de Guanabara e causando danos à saúde ambiental e humana ao longo do curso do rio. Já foi possível observar a mortandade de alguns peixes e muitas pessoas apresentaram sintomas de intoxicação, devido à volatilidade das substâncias que se espalharam rapidamente pelo ar.

 

Os primeiros a chegarem ao local foram pescadores artesanais membros das instituições de pesca da região, como a Associação de Caranguejeiros e Amigos dos Mangues de Magé (ACAMM) e a Associação de Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR). Eles denunciaram o ocorrido aos órgãos ambientais e divulgaram o incidente em suas redes sociais, cobrando providências urgentes para a remediação da situação. 

A preocupação é especialmente grande devido ao período de defeso do caranguejo, quando a pesca de certas espécies é proibida para que possam se reproduzir. A mortandade desses animais durante esse período pode impactar negativamente a renda dos catadores e catadoras de caranguejo.

A ação de remediação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi instalar barreiras de contenção no rio para impedir que os materiais se espalhassem, mas o vazamento só foi cessado no dia seguinte ao ocorrido. O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Gerência de Operações em Emergências Ambientais com Produtos Perigosos (GEROPEM) realizaram a coleta de amostras para avaliar o nível de contaminação e planejar o protocolo de monitoramento. Esses órgãos ambientais estão monitorando a área para garantir que os moradores se mantenham afastados, evitando o risco de explosões, já que os materiais são inflamáveis. 

O Comitê da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá (CBH Baía de Guanabara) emitiu uma nota expressando sua preocupação com a contaminação gerada pelo acidente no Rio Suruí e os impactos potenciais tanto para o ecossistema quanto para a população que vive em seu entorno. O comitê está tomando providências para elaborar um Plano de Gerenciamento de Risco da Região Hidrográfica, com o objetivo de mitigar danos climáticos e ambientais que possam afetar os rios.

O Rio Suruí é um importante corpo hídrico que atravessa o bairro de Suruí, no município de Magé. Trata-se de um ponto histórico e ecológico de extrema relevância para a comunidade local, sendo um dos rios mais preservados da Baía de Guanabara, apesar das transformações ambientais que o afetaram ao longo das últimas décadas.

Acidentes como esse chamam atenção para a vulnerabilidade dos nossos corpos hídricos e as injustiças ambientais vividas pelas comunidades tradicionais pesqueiras em seus territórios afetados pela indústria de petróleo. Além da  necessidade de um olhar preventivo para os danos ambientais e de um esforço coletivo pela conservação desses ecossistemas, é fundamental que as empresas responsáveis por essas operações sejam responsabilizadas pelos danos causados, assumindo compromissos concretos de reparação aos impactos negativos sobre o meio ambiente e as comunidades afetadas.

Nos solidarizamos com os pescadores, em defesa de seus direitos e pela preservação dos nossos ecossistemas, com esperança e união por um futuro mais justo e sustentável, que não se baseie na dependência da cadeia do petróleo, mas em alternativas que respeitem a vida e o meio ambiente.

Mulheres de Fé pela Justiça Climática
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