RESENHA CLIMÁTICA DE FÉ

ENTRE A FÉ E O CLIMA: A URGÊNCIA DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA

Nesse processo de planejar para ação climática precisamos estudar e pesquisar o que se tem falado sobre o assunto, reflexões profundas e ações que já trabalham com o tema, ainda mais este sendo o papel da espiritualidade na luta pela justiça climática. Por que aliar clima, fé e educação? 

Essa é uma das perguntas instigadas pelo artigo “Clima, fé, educação: caminhos possíveis num planeta sob pressão” da antropóloga Maria Rita Villela, que aborda a interseção entre fé, educação e crise climática, destacando a necessidade de integrar epistemologias diversas para enfrentar os desafios ambientais. Fundamentado em experiências práticas e acadêmicas, o texto reflete sobre o papel das religiões e da sociedade civil na mobilização por justiça climática. A autora destaca a iniciativa Fé no Clima, que desde 2015 tem promovido o diálogo entre comunidades religiosas e questões ambientais, evidenciando a importância da espiritualidade na construção de uma consciência ecológica coletiva. A problematização do distanciamento entre teoria e prática é um dos pontos centrais do artigo, reforçando que conhecimento sem ação é insuficiente diante da urgência climática.

Para além da discussão no campo da antropologia, a autora também contextualiza historicamente o desenvolvimento da agenda ambiental no Brasil, citando a fundação do  Instituto de Estudos da Religião (ISER) em 1970 e sua influência na mobilização inter-religiosa no ativismo socioambiental. A década de 1990 e eventos como a ECO-92 foram cruciais para consolidar a relação entre religião e meio ambiente, mas a efetivação de políticas públicas ambientais ainda encontra desafios estruturais. Além disso, Villela discute a resistência das instituições tradicionais em incluir saberes indígenas, quilombolas e outras perspectivas não hegemônicas, enfatizando a necessidade de superar epistemicídios no debate climático.

Outro aspecto relevante do texto é a crítica à burocratização e ao acesso limitado da sociedade civil aos recursos destinados à mitigação e adaptação climática. Villela aponta que, apesar da existência de legislações e acordos internacionais, a implementação concreta dessas medidas é travada por barreiras institucionais e falta de investimento. Movimentos sociais de base, especialmente aqueles ligados a comunidades de fé, encontram dificuldades em influenciar políticas públicas, o que reforça a necessidade de articulação entre diferentes setores da sociedade.

Por fim, o artigo sugere caminhos para fortalecer a educação socioambiental, defendendo uma abordagem que valorize tanto a diversidade cultural quanto a unidade planetária. A autora destaca a iniciativa Fé no Clima, que desde 2015 tem promovido o diálogo entre comunidades religiosas e questões ambientais, evidenciando a importância da espiritualidade na construção de uma consciência ecológica coletiva. Ao integrar perspectivas acadêmicas, religiosas e ativistas, Villela propõe uma reflexão profunda sobre o papel da educação e da fé na construção de um futuro sustentável.

Aqui no GreenFaith, nós continuaremos acompanhando o desdobramento dessas inspirações sobrea ação climática a partir da prática, com ações públicas, campanhas e formações sobre educação ambiental sobre clima. Nossa resenha climática de fé vai trazer mais conteúdos  sobre a importância das espiritualidades no avanço do debate sobre justiça climática, combate a indústria do petróleo e transição energética. A crise do clima não é um debate apenas ambiental, mas social e moral. 

Para acessar o artigo completo: https://www.scielo.br/j/rs/a/bBtWMZF3MY83HDmRx3pys7D/

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