O Brasil enfrenta desafios significativos relacionados com as alterações climáticas, incluindo a desflorestação na Amazónia, o aumento das emissões de gases com efeito de estufa e os impactos adversos nas comunidades locais. As comunidades religiosas desempenham um papel importante na sociedade brasileira e têm o potencial de influenciar a opinião pública e as políticas governamentais em relação ao ambiente.
Por isso, a Casa Galileia, o GreenFaith, a Iniciativa Inter-religiosa para as Florestas Tropicais (IRI-Brasil) e o Instituto de Estudos da Religião (ISER) estão mobilizando parceiros e lideranças religiosas para esse processo de articulação e incidência política. A Aliança Sagrado Clima tem como objetivo destacar a importância e o potencial das comunidades religiosas no Brasil no enfrentamento dos desafios da emergência climática. Esperamos que esta atividade promova um diálogo construtivo e ações concretas que contribuam para um futuro mais justo e resiliente para todos.
Em agosto, organizamos dois webinars no youtube sobre exploração de petróleo e desmatamento com especialistas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Instituto Arayara e dez líderes religiosos e populares da região amazônica e da Mata Atlântica.
Com base nos dados e relatórios apresentados nos webinars, elaboramos uma Carta Pública assinada por lideranças religiosas e organizações apoiadoras, que destaca a importância da ação climática e conclama os segmentos governamentais a tomarem medidas concretas para atingir as metas de 2030. Conclamamos o governo a:
- Desmatamento zero: Implementação imediata e efetiva do Código Florestal, com foco na proteção integral da Amazônia, do Cerrado e de todos os biomas brasileiros.
- O país tem 873 blocos de petróleo e gás sob concessão, dois terços em terra e um terço no mar. Esta exploração poderá duplicar, com 769 novos blocos atualmente em oferta. Exigimos que se ponha termo às concessões e às novas ofertas.
- Investimentos em Energias Renováveis: Redirecionar os investimentos atualmente destinados à exploração de combustíveis fósseis para o desenvolvimento de energias limpas e renováveis, que respeitem as premissas de uma transição justa e popular, em consonância com os compromissos climáticos internacionais assumidos pelo Brasil.
- Adotar um CDN compatível com a manutenção do aumento da temperatura média do planeta em cerca de 1,5 graus Celsius e influenciar outros países durante a COP 30 para que façam o mesmo.
- Demarcação de Terras Indígenas, titularização de Territórios Tradicionais, regularização fundiária e reforma agrária justa, com foco na soberania alimentar e promoção da agroecologia, valorizando a produção familiar, camponesa e da pesca artesanal, e a economia indígena, garantindo a geração de renda para combater a fome, a pobreza e a desigualdade social.
- Suspensão de operações e processos minerais ativos em terras indígenas, quilombolas e unidades de conservação de proteção integral.
No Dia da Amazônia em Brasília, 5 de setembro, realizamos um encontro com seis mulheres líderes religiosas de diferentes regiões do Brasil, que participaram dos webinars e da redação da carta para entregar o documento ao poder executivo. Primeiro fizemos uma reunião interna para nos alinharmos com a apresentação da carta e a ação na esplanada dos ministérios.
À tarde, organizamos uma ação em frente ao Ministério das Minas e Energia (MNE). Registámos a carta e tivemos um momento espiritual com gravações de vídeo e fotografias em frente ao edifício. Também tiramos uma foto em frente ao prédio do Congresso, um lugar simbólico para a política brasileira.
No final da tarde, tivemos um encontro com a ministra do Ambiente, Marina Silva, onde pudemos entregar pessoalmente a carta à ministra e cada religioso presente pôde escolher um ponto da carta para apresentar e relacionar com a sua realidade e fé.
Leia aqui a carta pública que entregamos à ministra!
A Sagrada Aliança pelo Clima tem feito avanços significativos na conscientização e mobilização de comunidades religiosas para defender ações climáticas críticas no Brasil. Nos últimos meses, nossas atividades, incluindo webinars, defesa pública e envolvimento direto com líderes governamentais, ajudaram a destacar a necessidade urgente de mudança.
Através de esforços de colaboração com líderes religiosos, especialistas e organizações da sociedade civil, emitimos uma poderosa Carta Pública apelando a uma ação imediata sobre a desflorestação, os investimentos em energias renováveis e os direitos das terras indígenas, entre outras questões críticas. A entrega simbólica desta carta, e a reunião subsequente com a Ministra Marina Silva, ressaltou o valor da colaboração inter-religiosa na abordagem da crise climática.
Para entender mais sobre esse movimento, leia aqui o artigo de opinião “Opinião: proteção da natureza é um dever espiritual e moral”